É deixar pra depois

Talvez não lhe escrevesse mais nada,
Minha vista tá embaçada e a garganta engasgada,
Vontade de ti menina bonita.

Sem susto por saber que de agora
apenas por um dia fostes minha,
encerrei aquela investigação.

Confirmei o que me pareceu lúdico,
mas a dúvida era pela certeza
que eras tu quem ciganeava este confuso latifúndio.

É, este chão aqui do peito,
que de tão cultivado
não sabe agora florear só, sem ti.

E mesmo que de rugas
me passe este estado torpor,
eu quem sou grato, por tuas gotas do amor:

Que passa, mas não morre,
quando se sente verdade completa,
mas nunca pelos dedos escorre.

E quando naquela noite última,
me pedes pra ficar,
entre tu e eu,
me escolhi por ti.

Esperando que o depois viesse.
Veio mas já foi,
a vista embaçada e a garganta engasgada.
É vontade de ti menina bonita!


Lucas Borges
17/05/07