Multidão

Orgulho quando ela, vestida de amarelo,
No rosto estampado o suor, são mil lamentações, dizeres e arrastões,
Reclames massacrados sem pudor.

Vestida de amarelo, ladeira abaixo é ela,
O coração rasgado pela dor, semblante atordoado, dizeres abafados,
amargurada a gente desta terra.

Cordão e comissão, milhões se dando as mãos,
Lavando a alma em frases e empurrões
Fumaça no jornal, o efeito é só moral,
Cantando foi pra rua a multidão.

Orgulho quando ela, vestida de amarelo,
Pimenta não espanta nem rojão, semblante assim irado, olhares irritados,
A gente criou fúria de leão.

Vestida de amarelo, mostrando a cara é ela,
A multidão aumenta o andor, por mil lamentações, sem muita educação,
emborrachada gente por amor.

Orgulho quando ela, vestida de amarelo,
Sorrisos não convencem a nação, são Joãos, Josés, Marias, correntes, romarias,
aborrecida gente sem quinhão.

Vestida de amarelo, com caras nas janelas,
Na face o vento da revolução, são mil lamentações, dizeres, arrastões,
Da gente já cansada desta dor.

Orgulho quando ela, vestida de amarelo,
Com brados de um heroico povo ao céu, nas ruas aos milhões, correntes, arrastões
submersa a gente neste fel.

Vestida de amarelo, não foge à luta é ela,

Com bênçãos de sua mãe gentil, malandro e meretriz, gravatas, menestréis,
Amada é nossa pátria Brasil.

Lucas Borges 

(23/06/13)