segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Leonina (viernes)

Privilegiado sou eu. Eu já sabia. Confirmei semanas depois daquela noite em que eu fui o cara mais feliz da cidade. Ela, feminista, agilizou o rolê.
- Me leva no samba hoje?
- eu: é claro que sim!
Mulher forte, líder, claro, ignorou minhas gentilezas a noite toda. Foda-se. Eu já estava caído na dela mesmo. Gostou do bar que eu a levei. Quis surpreende-la. Um boteco barato. Cerveja gelada. Preço modesto. Do jeito que nenhum homem da cidade teria coragem de levar aquela mulher de olhos negros e sorriso envolvente. Eu, confesso, não acreditava que ali estava, nem lembro direito do beijo que ganhei daquela boca que só fala o necessário (sera que ganhei?). Eu ansioso por aquele encontro. Estava em êxtase.
Classe?
Ela era a própria elegância, desfilava um salto vermelho pra completar o vestido preto acima do joelho.
Ela é uma gata, estava mais gata ainda. Disso eu lembro bem. Mas dizem. Mulher não se arruma pra homem. Ela tava linda. Mas não era pra mim. Aquela noite se foi. Ficou só o peito vazio levando meu corpo entorpecido pelo ar de paixão que ela deixa por onde passa.
Privilegiado. Eu sei que sou. Nunca havia eu gozado de tamanha sorte e, pode a morte me beijar hoje mesmo.
Daquela noite eu, agraciado pela vida, jamais esquecerei.

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