terça-feira, 7 de julho de 2020

A sede de quem lê

Quando escrevo
Jogo fora o sentimento
Quem quiser que o pegue, leia:
- Não é mais meu!

Não tem aviso de perigo!
No lixo onde descarto as ideias
Há um banquete aos ávidos por meras tolices,
Comendo cada qual ao seu jeito!

Escrevendo me encaixo
Na métrica, na espera de quem lê!
Encerro com raiva a liberdade numa
caixa fechada, desterro de quem lê!

Meu pensamento não
Este é marreta, presa afiada
Desfia a carne dos mortais,
Martela a conspiração dos sentidos!
No banco, um café, pensando,
Ali sou livre, viajo eternas vidas.
Afago as minhas horas,
Deixo descambar-me ao pó das linhas,
Onde sou voraz em jogar fora
Mágoa, ânsia, desejo,
Vingança, miséria de sentimento
Ou esperança de futuro.
O papel é como fosse um ralo
E as letras gotas dágua
Matam a sede de quem lê.

Lucas Borges
07/07/2020



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