quarta-feira, 20 de junho de 2007

Os becos

Destruíram a visão da cidade.
Quebraram o vão dos motins.
Soltaram das trevas os barcos.
Inundaram as galeras inflamadas,
Que não mais sofriam de dor.
Que apesar de parecerem frágeis,
Sem volta se tornaram insanas.
Enfiaram as mãos pelos pés.
Acabaram com a visão da cidade.
Sem fim, saíram à galope,
Lá pra onde o céu da urbanidade,
Apreceava os olhos negros do mar.
Sumiram com a chave dos sonhos.
Sorrateiros serviram a escória.
Miseráveis por esperança de ser,
Escalpelaram a doce memória.
Que ao lhe cair como cabelos,
Chorando por morte
Em mais um grito de sorte,
Pedindo que
Com apenas um corte,
Lhe leve toda alma diferente.
Mas não seja capital, pois,
É letal o frio que ele traz
Quando saúda o mortal.
Arrancando do mar o sal,
Criando mortais imortais
E dizendo que errados somos nós.
Poderiam até se fingir vielas,
Mas são becos, sujos,
De dor sofrendo a madrugada.
Vendo passar morte não gente!
Sórdidos, cobrem seus esquemas,
Malandreiam a malandragem,
Sacaneiam a sacanagem,
Carnavalizam o carnaval.
Mas acabam sós, em nós de cordas,
Pairando no chão das fossas,
Queimando no inferno das traças,
Saindo dos becos e possuindo a lama do mundo.
Pára o mundo!
Mundo não pára,
O que pára é o coração,
Procura seu lugar
Na "vida melhor que esta".
Que "esta" o capital já comeu.

Lucas Borges
28/05/07

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